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LAB GSTI 2.0: "O hábito não faz o monge; mas fá-lo parecer de longe"

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LAB GSTI 2.0: "O hábito não faz o monge; mas fá-lo parecer de longe"
Bruno Horta Soares, CISA®, CGEIT®, CRISC™, PMP®, COBIT 5 | bruno.soares@govaas.com


Existe uma expressão popular que diz que "O hábito não faz o monge; mas fá-lo parecer de longe". No contexto profissional esta máxima pode ser adaptada para que também não julguemos os profissionais – apenas - pelos seus títulos. Hoje vamos analisar o que é um profissional de Governança de TI, a sério!

O hábito faz ou não o monge? As designações que atribuímos às funções e estruturas organizacionais são ou não importantes? Será a substância mais importante que a forma quando avaliamos as competências de um profissional? Todas estas questões giram em torno da importância que os nomes têm ou podem ter para promover uma correta comunicação empresarial . Para começarmos a avaliar esta questão lanço um desafio: Qual o nome da Rainha de Inglaterra? Alguns saberão que se chama Elizabeth Alexandra Mary, outros Isabel II mas para quase todos ela é conhecida pelo nome “Sua Excelência A Rainha”. Os nomes dão relevância às funções e é sem dúvida através deles que clarificamos os seus mandatos e reforçamos o seu poder, autoridade, âmbito de atuação, competências, etc.

A Governança de TI é uma das áreas dos sistemas de informação em maior crescimento e como tal aparecem novos profissionais que abraçam esse domínio de competência e procuram desenvolver as suas carreiras nesse contexto. Para ajudar a clarificar os que já trabalham nesta área ou para orientar aqueles que gostariam de vir a trabalhar, de seguida apresento a descrição da função IT Governance desenvolvida por uma das frameworks de referência na área das competências, a SFIA (Skills Framework for the Information Age) [1].

Antes de mais importa fazer uma apresentação alto nível da framework . Em traços gerais a SFIA foi desenvolvida para suportar uma definição padronizada de competências e níveis de autoridade relacionados com as tecnologias da informação . A framework é uma ferramenta importante para a criação de uma linguagem comum de desenvolvimento e implementação de competências de TI , promovendo uma melhoria na comunicação entre a equipe de TI, restantes áreas de negócios na Organização, Recursos Humanos e demais stakeholders .

SFIA define 96 profissionais competências de TI, organizados em seis principais categorias:
  1. Estratégia e Planeamento;
  2. Gestão da Mudança;
  3. Desenvolvimento e implementação de soluções;
  4. Gestão de Serviço;
  5. Compras e Suporte; e
  6. Relação com o Cliente.
A outra dimensão da SFIA são os sete níveis de responsabilidade que estão associados a cada competência:
  1. Seguir;
  2. Auxiliar;
  3. Aplicar;
  4. Capacitar;
  5. Assegurar e Aconselhar;
  6. Iniciar e Influenciar; e
  7. Definir a estratégia, Inspirar e Mobilizar.
Uma das competências definida pela SFIA na área de Estratégia e Planeamento é a Governança de TI , descrita como:
  • Competência relacionada com o estabelecimento e supervisão da abordagem Organizacional para a utilização das Tecnologias e Informação, incluindo: a aceitação das responsabilidades pela oferta e procura de TI; planeamento estratégico de TI, assegurando o alinhamento com as necessidades dos stakeholders e estratégia de negócios da organização ; transparência na decisão , fundamentando através de razões válidas as aquisições de TI balanceando os benefícios, oportunidades, custos e riscos; provisionamento de serviços de TI , níveis de serviço e qualidade de serviço que assegurem as necessidades de negócio, atuais e futuras; e políticas e práticas de conformidade com a legislação e regulamentos obrigatórios , que demonstram o respeito pelas necessidades atuais e futuras dos stakeholders.

Como seria de esperar esta competência encontra-se associada aos níveis mais altos de autoridade, sendo a descrição das atividades esperadas em cada nível as seguintes:
  • Nível 5 - Assegurar e Aconselhar: Rever o sistema de informação para garantir o cumprimento da legislação e especificar as alterações necessárias. Responsável por garantir o cumprimento e conformidade com as políticas e procedimentos organizacionais e estratégia geral do sistema de informação.
  • Nível 6 - Iniciar e Influenciar: Assegurar, ou confirmar, a capacitação das estruturas de recursos humanos para apoiar o trabalho da Direção e relacionamento entre a Organização e os auditores externos. Assume a responsabilidade por rever os atos de Gestão (e respetivas decisões) e confirma que estes estão de acordo com a estratégia da organização para a governança corporativa da Informação. Está familiarizado com as normas relevantes e os respetivos princípios. Revisa novas propostas de negócios e oferece consultoria especializada em questões de conformidade. Atua como contato da organização para que as autoridades e reguladores. Estabelece as políticas e normas relacionadas com o cumprimento legal.
  • Nível 7 - Definir a estratégia, Inspirar e Mobilizar : Lidera o desenvolvimento e comunicação das políticas organizacionais para a governança corporativa da Informação. Contribui para os planos estratégicos de tecnologias de informação, garantindo que satisfazem as necessidades atuais do negócio da organização e os requisitos atuais e futuros de TI. Promove a transparência na tomada de decisão, fundamentando através de razões válidas as aquisições de TI balanceando os benefícios, oportunidades, custos e riscos. Monitoriza a prestação de serviços de TI, níveis de serviço e qualidade do serviço. Garante que os processos de negócio da organização estão em conformidade com a legislação aplicável, e que a organização opera de acordo com os princípios orientadores definidos nas normas relevantes. Promove políticas e normas de TI alinhadas com as necessidades atuais e futuras de todos os stakeholders.

A utilização da SFIA permite ainda identificar outros aspetos importantes para o desenho das funções, nomeadamente: a) enquadramento da competência na Organização e relação com outras competências; b) técnicas e ferramentas utilizadas; c) aspetos relacionados com a formação e capacitação; d) desenvolvimento de carreira; e) organizações, associações ou comunidades profissionais relacionadas; ou f) Standards e “ Codes of Practice ” relacionados.

Conclusão
O desenvolvimento de uma cultura de excelência numa Organização passa por uma correta gestão das competências dos Recursos Humanos. O desenho de um modelo de competências permite uma melhor gestão de expectativas e comunicação Organizacional nas diversas etapas da gestão de competências, desde o recrutamento, atribuição de funções e objetivos, avaliação e também recrutamento de serviços externos (ex. consultadoria, auditoria).

Saber o que é a competência de Governança de TI é um passo determinante para profissionais desenvolverem as suas carreiras nesta área, mas também para que as organizações possam contratar serviços de consultoria e profissionais devidamente qualificados. O nome poderá até ajudar “ao longe”, mas ao perto será sempre pelas competências, formação e experiência relevante que os profissionais deverão ser julgados.

Cumprimentos desde Portugal… estamos juntos!




[1] http://www.sfia-online.org/


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