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Ouro Preto e suas nuances históricas

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Em Ouro Preto é possível encontrar vestígios de diversas histórias que fizeram parte da construção do Brasil. A cidade do século XVIII resguarda diversas nuances históricas que vão desde a escravidão ao arcadismo, paradoxos que se encontram em um só lugar, na antiga Vila Rica.

Quem já teve a oportunidade de conhecer a cidade histórica compreende que nela diversos elementos históricos se fundem, o que a deixa misteriosamente mais charmosa. A cidade desperta a curiosidade ao mesmo tempo em que exala liberdade. Esse misto de sensações faz com que ela seja uma das cidades mais procuradas para o turismo brasileiro.

Beleza além do centro histórico de Ouro Preto

Embora muitos turistas optem por Ouro Preto como destino de viagem principalmente por causa do seu centro histórico, o primeiro tido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO no Brasil (1980), há muitos outros atrativos que a diferenciam.

A vista do cerrado é incrível. Com matas rupestres cercadas por pinhais e ricas em nascentes, Ouro Preto pode ter uma perspectiva diferente da comumente disseminada. O ecoturismo pode ser uma boa opção para quem gosta de estar mais próximo da natureza. Há vastos parques ecológicos e cachoeiras com abundantes águas. Para os mais radicais, altas montanhas.

Conheça alguns lugares naturais para visitar em Ouro Preto:

  • Parque Estadual do Itacolomy
  • Trilhas e cachoeiras de Lavras Novas (Ouro Preto)
  • Floresta Uaimii de São Bartolomeu (Ouro Preto)
  • Parque das Androrinhas
  • Pico do Itacolomy
  • Chapada
  • Mina de Chico Rei

Patrimônios fora do centro

Há quem pense que Ouro Preto se resume ao intenso centro histórico, entretanto existem monumentos que estão bem distantes da área central. É preciso disposição para conhecer a cidade por completo.

A Igreja Nossa Senhora das Dores, a Capela do Padre Faria, a Capela de Santana, Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, a Matriz Nossa Senhora de Nazaré são algumas “peças” que fazem parte do conjunto arquitetônico de Ouro Preto, porém ficam localizadas em bairros e até mesmo distritos mais distantes do centro.

Ouro Preto não é só Igreja

É fato que a arquitetura barroco-brasileira das igrejas de Ouro Preto atrai muitos turistas curiosos e religiosos. Mas Ouro Preto não é formada apenas por igrejas. Há outras construções de alta relevância na cidade.

Com 309 anos de existência, “Vila Rica” já foi o cenário de muitas histórias. Desde a luta dos índios nativos, num primeiro momento, até a conspiração de Tiradentes contra o domínio de Portugal sobre o Brasil. Para cada momento, algum elemento físico marcou a história e permanece preservado na cidade do ouro.

A Casa de Gonzaga, por exemplo, é o local onde viveu o escritor Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu), um dos grandes nomes do arcadismo brasileiro. Gonzaga exerceu um importante papel na separação do Brasil de Portugal. Através de seus escritos ele foi crucial para a formação de opinião dos brasileiros que ainda eram colônia do Império Português.

Em Ouro Preto Gonzaga viveu um grande amor que não pôde ser consumado, pois seu ativismo político fez com que a família de sua amada Marília Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão (Marília de Dirceu) não o aceitasse como pretendente da bela.

Além da Casa de Gonzaga, Ouro Preto preserva também a casa de Marília de Dirceu. Das enormes sacadas de sua casa, Dirceu conseguia avistar sua bela amada que vivia no bairro Antônio Dias.

Gonzaga foi preso em 1789, ele teve os bens confiscados e foi levado para Fortaleza, onde permaneceu por três anos e escreveu parte das 33 liras que compuseram uma de suas principais obras, o romance Marília de Dirceu. Enquanto Gonzaga era levado para a África, suas liras eram divulgadas em Lisboa (Portugal). Até os dias de hoje não se sabe quem foi responsável pelas divulgações.

Outro monumento importante em Ouro Preto é o Museu da Inconfidência. Criado durante o governo de Getúlio Vargas a partir da necessidade de resgatar a memória brasileira, a antiga Casa da Câmara e Cadeia se tornou então o museu.

A obra arquitetônica do capitão-general Luís da Cunha Meneses abriga salas com peças que fizeram parte do período da Inconfidência Mineira, como a forca de Tiradentes, o Panteão dos Inconfidentes, quadros de Dom Pedro II e D. Teresa Cristina feitos por François René Moreaux, a partitura do Hino da Independência entre outros objetos.

Ouro Preto também prova que a escravidão existiu no Brasil. Suas ruas ladrilhadas foram feitas com mão de obra de pessoas que foram trazidas ao Brasil pelo Império Português para serem escravizadas, trabalhando até morrer em situação análoga.

Nos casarões que fazem parte do centro é possível identificar senzalas, onde essas pessoas viviam presas. Pelo menos 50 mil pessoas com cor de pele negra foram para Minas Gerais trabalhar na escavação de ouro durante os primeiros anos da extração aurífera.

Ouro Preto tem diversas nuances históricas que condensam e entregam para a cidade um espírito libertário que somente “quem” viveu a repressão física e mental é capaz de traduzir. É

 importante ter o contato com essas histórias tão de perto, para que nunca esqueçamos nosso passado e possamos construir um futuro diferente, sem cometer os mesmos erros passados. Por isso manter tais patrimônios preservados é tão importante, preservar a memória física é preservar a história. Um povo sem história é um povo à mercê de sistemas ditatoriais, escravocratas e repressores.


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