Saiba como sair do endividamento e usar as vantagens do cartão, sem comprometer a saúde financeira.
Oito em cada dez brasileiros têm dívidas no cartão de crédito, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em outubro de 2021 pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Apontado como o principal responsável por levar os consumidores à inadimplência, na verdade, o cartão pode ser um aliado do planejamento financeiro quando utilizado de forma correta.
De acordo com a economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, o cartão de crédito é considerado “o principal vilão” das finanças pessoais por conta da cobrança dos juros altos. “O crédito é bom, desde que ele não asfixie o consumidor a ponto de ele não ter recurso para mais nada”, ponderou em publicação feita no portal do instituto.
O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, destaca que as dívidas com o cartão não devem ultrapassar 30% dos ganhos mensais. “Além disso, se tiver apenas uma fonte de renda, o ideal é ter apenas um cartão.”
A facilidade do parcelamento de compras, a possibilidade de cobertura financeira quando não há dinheiro em espécie e a praticidade do uso – que agora pode ser feito pelos aplicativos de celular – contribuem para a popularização do cartão de crédito entre os brasileiros. Mas é preciso cuidados ao usufruir dessas vantagens para não criar um problema financeiro futuramente.
Como liquidar a dívida do cartão
Quem contraiu dívidas no cartão de crédito e está com dificuldades para quitá-las pode sair dessa situação a partir da realização de um planejamento. Para isso, a primeira orientação é saber a condição real das finanças.
Pela internet, é possível consultar CPF pelo nome gratuitamente e verificar se houve a inclusão nos registros dos órgãos de proteção ao crédito. Isto é importante saber pois, após o pagamento, é preciso conferir se o nome foi excluído desse tipo de cadastro.
Renegociar dívidas é o segundo passo. Para isso, deve-se entrar em contato com o banco ou com outras instituições que oferecem o serviço de negociação de dívidas e não exitar em fazer perguntas sobre juros, valores, prazos e descontos. Ione Amorim alerta sobre a necessidade de buscar condições que sejam possíveis de serem cumpridas.
Por vezes, a renegociação pode ser feita on-line, o que traz menor exposição e evita o constrangimento do contato presencial. Além da segurança, a transação também possibilita condições diferenciadas para o pagamento.
Caso o nome tenha sido negativado, após o pagamento da primeira parcela da renegociação, a instituição financeira tem cinco dias úteis para solicitar a exclusão no cadastro dos órgãos de proteção ao crédito.
Veja como reduzir os riscos ao usar o cartão
Alguns hábitos podem contribuir para evitar o descontrole financeiro ao usar o cartão de crédito, permitindo aproveitar as vantagens da ferramenta sem comprometer a saúde financeira.
Para isso, Reinaldo Domingos pontua a importância de se ter cuidado com o parcelamento das compras, bem como evitar aquelas que são feitas por impulso. “É preciso se perguntar antes de qualquer compra: ‘eu realmente preciso disso?’; ‘eu terei como pagar a fatura no mês seguinte?’”, explica. “Um dos maiores erros cometidos em relação ao cartão de crédito é pagar a parcela mínima. A taxa de juros cobrada é uma das maiores, o que acaba levando à inadimplência.”
Uma alternativa apresentada por Domingos para desonerar a fatura é conversar com o banco sobre a possibilidade de uma opção de cartão que tenha isenção da anuidade. Outra dica do especialista é não ter o costume de emprestar o cartão para terceiros.
A educação financeira é o principal caminho para aprender a usar o cartão de crédito como aliado para manter as contas em dia e assegurar a tranquilidade financeira. Na internet há materiais gratuitos desenvolvidos por órgãos de defesa do consumidor e portais, como o Pago Quando Puder, que orientam sobre o tema.