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Reprodução assistida cresce 23% ao ano no Brasil e cria oportunidades para biomédicos

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Adriano Luz

O campo da medicina de reprodução assistida está em franca expansão no Brasil, realidade que traz impactos positivos nas esferas científica, social e econômica. Além da incorporação de técnicas e inovações que permitem auxiliar famílias que desejam ter filhos e enfrentam dificuldades, o crescimento da área tem criado oportunidades de emprego para profissionais de saúde e movimentado o mercado.

Estudo realizado pela empresa Redirection International, divulgado em junho de 2023, identificou que a reprodução assistida deve crescer, em média, 23% ao ano até 2026. Atualmente, o mercado nacional movimenta cerca de R$ 1,3 bilhão anualmente. A expectativa é que, em três anos, o valor chegue a R$ 3 bilhões.

Ainda de acordo com a pesquisa, o Brasil tem uma posição de destaque no campo da medicina de reprodução assistida da América Latina, liderando o ranking da realização de procedimentos como fertilização in vitro, inseminação artificial e transferência de embriões. Outro dado que mostra a relevância do setor nacional é que quatro em cada dez unidades de reprodução assistida existentes no continente estão localizadas no país.

Aumento da demanda cria oportunidades para profissionais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a infertilidade atinge uma em cada seis pessoas adultas, o que corresponde a quase 18% da população do planeta. De acordo com as informações do Ministério da Saúde, a condição acomete de 10% a 20% dos casais brasileiros em idade reprodutiva. As causas são variadas e, por isso, a recomendação é buscar orientação médica para avaliação do tratamento mais adequado.

Há casos em que a reprodução assistida é indicada. A procura dos brasileiros por procedimentos na área aumentou nos últimos anos, como revela o 14° Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2022.

Em 2021, foram realizados 45.952 procedimentos de fertilização in vitro, o que corresponde a alta de 32,7% em comparação com o ano anterior. O uso da técnica de congelamento de embriões também aumentou no período. O total chegou a 114.372, crescimento de 29,2% em relação a 2020.

O documento mostra, ainda, que ao longo de 2021 foram realizadas mais de 36 mil gestações clínicas e o congelamento de mais de 150 mil óvulos. Os dados corroboram a expansão vivida pelo setor, que reflete em oportunidades no mercado para profissionais da saúde, como o biomédico.

O profissional é capacitado para atuar em mais de 30 funções diferentes, entre elas, no campo da medicina de reprodução humana assistida. Nesta área, é responsável por atribuições como a criopreservação seminal, que consiste no congelamento do sêmen, e o hatching, procedimento que facilita a implantação do embrião no útero. A importância nos processos é o que faz um biomédico ser cada vez mais demandado pelo mercado de trabalho nacional.

Desigualdade de acesso ainda é obstáculo para muitas famílias

Os impactos positivos da expansão da reprodução assistida no Brasil podem ser ampliados com o fim da desigualdade no acesso aos tratamentos. De acordo com a Redirection International, a distribuição dos estabelecimentos que oferecem os serviços no território nacional é bastante heterogênea, havendo uma concentração nos estados das regiões Sudeste e Sul.

Além disso, os custos para a realização de procedimentos na rede particular os tornam inacessíveis para muitas famílias que desejam ter filhos, mas enfrentam dificuldades. Desde 2012, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ofertar os serviços, mas a demora e a burocracia ainda são entraves para muitas famílias.

A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) destaca que o acesso é um direito constitucional e que os profissionais da área desejam que cada vez mais famílias possam realizar o sonho de terem seus bebês.


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