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Como fazer a “desengenharização” das Tecnologias de Informação?

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Bruno Horta Soares CONTEÚDO EM DESTAQUE

Consultório Portal GSTI #29 – Como fazer a “desengenharização” das Tecnologias de Informação?


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Caros leitores,
Tenho de começar por dizer que este artigo não é sobre Engenheiros mas sobre a “Engenharização” das Tecnologias de Informação !
Num telefonema, numa reunião, numa apresentação mais ou menos formal existe um preconceito de chamar “Sr. Doutor” a alguém da área de Gestão e invariavelmente “Sr. Engenheiro” a partir do momento que se apercebem que trabalhamos na área das Tecnologias de Informação. É uma espécie de preconceito sem grande impacto social mas que cada vez mais tem impacto na forma como as empresas criam valor .
Durante muitos anos assistimos a um cenário em que muitas empresas eram geridas por “Sr. Doutores”, exceto nos negócios em que a Engenharia era o produto ou serviço da Organização onde os “Srs. Engenheiros” acabavam por dar uma mãozinha na gestão da empresa nos intervalos do processo produtivo ou da investigação e desenvolvimento.
Durante muito tempo a Gestão e a Engenharia foram duas caras da moeda numa organização e as mais-valias das suas competências estavam bem definidas. Os Gestores mantinham o negócio funcionando e os Engenheiros mantinham a operação das máquinas e o sucesso estava garantido. Mas depois chegaram as Tecnologias de Informação…
Mais uma vez, reforço que as Tecnologias de Informação não devem ser apenas ser entendidas na sua dimensão Tecnológica, mas na sua visão holística de todos os elementos que contribuem para que a informação possa contribuir para a criação de valor na Organização .

É por isto que as Tecnologias de Informação não podem ser apenas associadas ao nível de operacionalização nem apenas a um desafio dos Engenheiros das Organizações.
A linguagem associada às Tecnologias de Informação deve ser adequada ao ambiente onde é utilizada, sendo cada vez mais importante que se entenda que se pode falar de Tecnologias desde os stakeholders até aos "técnicos de informática", passando pelo Conselho de Administração e pelos Órgãos de Gestão.
No framework COBIT 5 da ISACA é destacada a importância de considerar as Tecnologias de Informação de forma transversal na Organização (Princípio #2), destacando-se a importância da componente “Funções, Actividades e Relações” no Sistema de Governança da Organização. A figura seguinte ilustra os principais grupos de funções numa Organização e a forma como interagem entre si.

Imagem ilustra os grupos e funções pela ISACA
grupos e funções

Com este diagrama entendemos que a Tecnologia de Informação não deve ser apenas considerada uma disciplina funcional, mas um tema que deve estar na agenda de toda a Organização .
O local onde é provavelmente mais difícil passar esta mensagem é sem dúvida o Conselho de Administração . Muitas Administrações acabam por servir apenas de roteador para temas relacionados com Tecnologias, encaminhando a toda a velocidade para o responsável de TI todos os temas que de forma direta ou indireta estejam relacionados com Tecnologias ou Comunicações . Independentemente do estilo ou competência do responsável de TI, quando o tema leva um despacho deste tipo no Conselho de Administração, é quase sempre difícil que lá volte com outro tipo de valorização.
A solução? Fazer com que o Conselho de Administração passe a valorizar o tema das Tecnologias de Informação assumindo as suas responsabilidades na Governança deTI da Organização e dessa forma passe a valorizar os benefícios , oportunidades, ameaças e necessidades de otimização dos recursos de TI .
Aqui ficam algumas questões que podem e devem ser feitas nos órgãos de governança antes de despacharem os temas para os responsáveis de TI :
  • Será que conhecemos as necessidades dos stakeholders (internos e externos) relacionados com as TI?
  • Será que entendemos como e onde as decisões relacionadas com as TI são tomadas?
  • Será que as ameaças e oportunidades relacionadas com as Tecnologias de Informação são consideradas nas decisões estratégicas da Organização?
  • Será que entendemos os benefícios dos investimentos relacionados com as TI? Será que sabemos quanto e porquê estamos gastando com recursos de TI?
  • Será que estamos cumprindo com todos os requisitos legais ou normativos que direta ou indiretamente estão relacionados com Tecnologias ou Informação?
  • Será que entendemos como a TI pode contribuir para a inovação dos produtos e serviços?
  • Será que a nossa informação crítica está protegida? Será que permanece confidencial, íntegra e disponível?
  • Será que estamos a tomar as estratégias de sourcing de serviçosde TI que melhor contribuem para a criação de valor na Organização?
  • Será que temos os instrumentos certos para medir o valor das Tecnologias de Informação na criação de valor?
  • Será que estamos monitorando devidamente o cumprimento dos objetivos relacionados com a TI?
Desta forma, o que se pretende é uma “ desengenharização” da comunicação das Tecnologias de Informação, compreendendo que existe forma de abordar o valor das Tecnologias de Informação sem que seja pedindo ajuda a um especialista em engenharia !

Espero ter ajudado!
Bruno Horta Soares, CISA®, CGEIT®, CRISC , PMP®
"The more you know, the less you no!"
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